2/28/2021 03:04:00 PM

 

Lula VS Bolsonaro

 

  Qual seria uma estratégia eficaz de garantir sucesso para o Brasil e toda a sua realidade e lógica singulares que o acompanham, nas relações internacionais? Pergunta muito importante para qualquer país obviamente, mas que devido a cada um ter elementos geográficos, ideológicos e econômicos muito diferentes, muitas vezes únicos, impede uma resposta genérica e por isso o foco no Brasil.

  Para tentar obter uma resposta precisamos nos debruçar sobre os elementos mais primordiais para entender o player que é o Brasil e quais as vantagens e desvantagens que ele carrega, e claro sobre os experimentos já feitos anteriormente, mais precisamente nos recentes pois são mais ajustados ao atual cenário que se desenha.

  O Brasil hoje é um país continental e aspirante a se tornar uma potência regional, conta com recursos abundantes, indústria diversificada, agricultura forte, matriz energética relativamente limpa e barata e não está sofrendo com nenhum tipo de conflito armado contra outra nação, nem vizinha e em nenhum outro lugar do globo, inflação e câmbio flutuantes e estáveis. Por outro lado seu tamanho é mal aproveitado, seus recursos são em grande parte bloqueados para exploração devido ao desgaste político oriundo de questões éticas e ambientais que isso acarretaria, a agricultura encontra dificuldade em obter acesso a mercados que não por meio de redução de lucros devido a não ter assim como inimigos, nenhum grande aliado, a indústria é diversificada mas pouco competitiva e diferente da agricultura não tem força para adentrar outros mercados por meio de preços melhores que o ofertado por outros países, para piorar não pode vislumbrar um futuro em que se torna competitiva pois lida com políticas equivocadas de regulamentação, tributação, e incentivos públicos a anos, e tem uma dívida pública gigante que só cresce.

  Na democracia contemporânea, sistema de governo que esta solidamente instalado no país, é típico que promessas populistas nessa área surjam e como os governos mais atuais que passaram por aqui foram e é populista, além de surgir essas promessas foram também implementadas e testadas. No geral promessas arrojadas que deveriam fazer milagres e que encantam as massas, mas não dão muito certo, como toda promessa populista sempre é.

 

Política internacional aplicada por Lula

 

  Começando analisando a política internacional insaturada pelos governos populistas de esquerda do Partido dos Trabalhadores, mais precisamente pelo que mais idealizou e implementou esse conjunto de práticas, o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ou somente Lula. Procuro focar mais nele pois no governo da ex-presidente Dilma Rousseff houve apenas uma repetição de promessas, prosseguimento das práticas e projetos já adotados anteriormente e nada de novo, até porque ela estava totalmente focada em estancar problema internos que demandavam atenção imediata, não tendo uma contribuição original de sua autoria em relação a esse tema.

  Lula procurou não mudar nada no que diz respeito a neutralidade histórica do Brasil ao lidar com nações em conflito, interesses das potências e até mesmo em formar blocos de países para promover alguma pauta global política, com essa neutralidade manteve o país sem nenhum grande inimigo e consequentemente sem nenhum grande aliado e nenhum grande acordo comercial ou militar que favoreceria a defesa, agricultura, e indústria brasileira para se tornar mais competitiva e lucrativa em algum mercado internacional foi assinado. Em vez disso ele preferiu adotar uma postura de negociação arrojada com nações relativamente neutras muito mais pequenas a nível econômico e com algum potencial de se desenvolver sob a tutela e influência do governo brasileiro, uma atitude muito semelhante ao que as potências fazem, no entanto elas procuram países não tão pequenos economicamente e não se importam de avaliar se são neutras tanto que existe potências que fazem negócios com ambas as partes de um mesmo conflito visando apenas os seus interesses e sem sofrer retaliações por isso, ou mesmo sofrendo e em nada se preocupando, uma das vantagens em ser uma potência.

  No caso brasileiro essas negociações se davam por investimentos com dinheiro brasileiro em projetos dentro desses países para que posteriormente o Brasil viesse a receber juros, e ditasse interesses seus nos próximos passos daquelas nações devido a sua influência e dependência delas para com os recursos brasileiros. Se essa prática se saísse bem sucedida essas nações prosperariam se tornando mais relevantes e formariam um bloco sob a liderança brasileira que se tornaria então uma potência.

  Os exemplos mais notáveis que valem citar dessa prática de política internacional implementada é o projeto de criação de um corredor agrícola muito semelhante ao existente no centro-oeste brasileiro em Moçambique que se início com recursos para construção de um aeroporto e uma hidrelétrica, a construção de infraestruturas de transporte em Cuba com destaque para a portuária, e uma vasta gama de investimentos tanto para infraestrutura de transportes em geral como extração de petróleo na Venezuela.

  Se o desfecho fosse como desejado Moçambique teria se tornado uma potência agrícola que formaria acordos comerciais sob influência, se não aglutinada ao Brasil ou seja, o Brasil teria controle sob uma parcela ainda maior da produção de alimentos global e sendo tão relevante conseguiria firmar acordos futuros que abririam as portas de mercados tanto para Brasil como para Moçambique mas em termos que poderiam beneficiar mais o Brasil tanto em cotas como para os tipos de produtos com taxação reduzidas. Cuba devido a sua localização e questões de estrutura de governo e sistema econômico teria se tornado um ótimo ambiente de negócios para o turismo, transporte marítimo, indústria que demanda mão de obra barata para posteriormente exportar os produtos manufaturados, e em todos esses negócios que o país viesse a fechar com outros países ou investidores privados estrangeiros o Brasil seria informado e teria reservado o direito de participar com influência nos termos. A Venezuela tinha juros bem altos para pagar ao Brasil em função do volume de dinheiro emprestado sem falar que tinha já planos para com o aumento da extração de petróleo do país cujo qual detém as maiores reservas provadas de petróleo do mundo o Brasil viesse a virar o destino para o refino de todo esse petróleo em acordos que futuramente seriam fechados entre os dois e com isso gerar milhares de postos de trabalho. Esses planos citados são retirados de trechos de diversas fontes de informação que em posterior análise fica fácil identificar o objetivo elaborado entre as partes envolvidas na época.

  O que de fato aconteceu foi que nenhum dos planos se concretizou, os países escolhidos sofriam de problemas nas mais diversas áreas que se pode imaginar, tais problemas que não irei me aprofundar aqui mas eram e são o que justamente está impedindo essas nações de se desenvolver e com esse desenvolvimento ter a capacidade de honrar os pagamentos das dívidas contraídas, causando assim um prejuízo enorme para os cofres públicos brasileiros, e tão pouco de atender as expectativas e interesses políticos brasileiros para com eles. O fato desses problemas terem sido ignorados ao serem escolhidos para serem os pilares inicias do projeto de políticas intencionais implementado pelo governo Lula se deve ao fato de existir um alinhamento ideológico entre os governos desses países e o do partido do ex-presidente Lula muito grande e devido ao lobby de muitos agentes privados que corromperam o governo para poderem tirar proveito e se tornarem os prestadores de serviço e vendedores de matéria prima que receberiam esses recursos emprestados para investimentos e assim lucrarem e até desviarem dinheiro causando ainda mais prejuízos para os cofres públicos e também para o sistema político brasileiro uma vez que as eleições sofria distorções na capacidade de campanha dos postulantes a cargos eletivos devido a entrada de parte dos recursos usados para corromper o governo em fins eleitorais, esses fatores cegaram os responsáveis por essa estratégia e provocaram a negligência brasileira em escolher países sem condições de se desenvolver para investir contrariando a lógica base dessa estratégia que precisava do sucesso dessas nações para com elas alçar o sucesso de todo projeto de políticas intencionais.

 

Política internacional aplicada por Bolsonaro

 

  Já quando analisamos as políticas internacionais implementadas pelo governo populista de direita do atual presidente Jair Messias Bolsonaro é fácil perceber que sua estratégia consiste em algo que ele acreditava ser real mas não é, Bolsonaro parece ser um tipo de populista que assim como a massa que segue o seu discurso que prega tudo ser possível ao ter o controle do governo nas mãos também acredita ou seja, ele não prega visando iludir mas porque esta ele mesmo também iludido com uma ideia equivocada.

  Essa ideia de política internacional equivocada se baseia que o Brasil deveria não procurar parceiros fracos em que nós deveríamos com nossos recursos alavancar uma vez que já temos recursos escassos para necessidades internas, e sim procurar parceiros de "primeiro nível" como são chamados por Bolsonaro os países que sim iriam nos alavancar. O erro se situa no fato que não é porque nós queremos esses parceiros que eles vão nos querer!

  De fato, o Brasil tem muito a oferecer, mas as potências e países com muitos recursos podem conseguir melhores acordos com o leque enorme de países que estão em uma situação de maior desespero por ajuda que o Brasil, e assim eles conseguiriam maior influência sobre esses países ajudados que o Brasil não costuma ceder, não sendo uma promessa de campanha que pode ser colocada em prática só porque está no poder pois não depende só da decisão do governo brasileiro.

  Diante da constatação que a realidade era muito diferente do que imagina o governo Bolsonaro passou a tentar provar que sim era um país que era capaz de ceder benefícios e aceitar determinadas influências que outros países em situação mais crítica costumam fazer em troca da parceria internacional, esse alinhamento quase que forçado com algum países escolhidos a dedo por motivos ideológicos e também porque não iriam querer influir com a liberdade cedida, em temas que se chocariam com outras diferentes promessas de campanha voltadas para políticas internas, colocou o Brasil fora dos trilhos da histórica neutralidade e até gerou prejuízos diplomáticos e comerciais, afinal se alinhando completamente a uma potência e se tornando seu aliado também se torna um inimigo da potência rival que antes detinha negócios no Brasil devido a antiga neutralidade. Os prejuízos vinham, mas o bônus ainda não, os novos aliados ainda aguardavam ver até onde iria esse posicionamento, estudavam como tirar proveito dessa parceria que não estava em seus planos anteriormente pois diferente de quando vão atrás do país mais fraco para colocarem sob sua influência é o Brasil que está batendo a pedindo tal.

  O tempo de espera parecia que iria reder frutos, alguns países poderosos começaram a serem atraídos por essa proposta de ter no Brasil um aliado de todas as pautas em troca de formação ou inclusão do Brasil em acordos militares e econômicos. Bolsonaro então se deparou com um dos problemas que o sistema democrático contemporâneo carrega, sistema esse o que rege também os governos de muitos desses almejados parceiros, o de ocorrer políticas de curta duração devido a troca de representantes. Esse e mais outros problemas desse sistema administrativo podem ser vistos e entendidos aqui(Estruturas de governo (parte2) A Democracia Contemporânea).

  O caso mais recente e notável foi a derrota na tentativa de se reeleger do ex-presidente norte americano Donald Trump com quem Bolsonaro mais apostava que iria firmar acordos vantajosos para o Brasil para o agora presidente dos Estados Unidos da América Joe Biden. Ao que parece isso não abalou a estratégia e até a reforçou pois o atual presidente brasileiro dobrou a aposta e ao invés de se alinhar aos EUA como estava planejando está se alinhando a figura política de Trump na esperança de o defeito do sistema democrático contemporâneo de haver essa troca de representantes e quebra de estratégias longevas vire ao seu favor daqui 4 anos, pois se Trump conseguir retornar ao poder estaria supostamente em completa sintonia e confiança para com Bolsonaro, com fortes planos de interação já bem definidos, ou estão estaria usando essa imagem de forte alinhamento a um político como vitrine para atrair algum líder poderoso que esteja procurando aliados que se alinhem a ele e não somente ao seu respectivo pais, é difícil constatar qual é o plano colocado em pratica no momento ou se é ambos em simultâneo mas é uma aposta muito arriscada e original para a diplomacia brasileira. O Brasil no entanto, segue até agora e por mais um longo período colhendo muito ônus e nenhum bônus dessa política internacional.

 

O plano perfeito

 

  Ao analisar essas duas e bem diferentes políticas intencionais implementadas no Brasil podemos constatar que a melhor é de longe a adotada pelo ex-presidente Lula, obviamente corrigindo os graves defeitos que levaram ela a fracassar e assim criando um modelo novo com aquele pé no que já foi testado. A política internacional do presidente Bolsonaro não é de todo ruim, de fato se surgir um grande projeto de parceria com uma nação poderosa o Brasil deveria seriamente considerar e se vantajosa agarrar-se a ela e não deixar escapar mas isso deve surgir naturalmente, quando por ocasião aparece o interesse mútuo ou que proporcione uma aproximação de uma das partes de preferência da mais poderosa com boas contrapartidas já definidas e bem aceitas pela outra parte, isso é algo que pode surgir amanhã ou daqui uma década e não podemos até lá ficar parados esperando acontecer ou se rastejando diplomaticamente desesperados sem precisar de tal e correndo o risco de fazer um mal negócio por conta justamente das outras partes saberem do nosso desespero, é um estratégia que foi planejada nas coxas ao se deparar com o inesperado e que apesar de no futuro poder ainda render belos frutos será devido mais a fatores externos e praticamente não dependem em nada do nosso governo, se fosse para ser dessa maneira estaríamos elegendo para nos governar jogadores de poker e não administradores públicos. Já a estratégia de Lula foi feita com antecedência pensando em não ficar isolado e parado vendo os outros países se fortalecer em aliança vantajosas e buscando ficarmos bem posicionados no longo prazo em cima desse trabalho constante que já viria sendo feito aos poucos, seus defeitos foram se perder na corrupção e na influência da ideologia gastando muito mal os escassos recursos.

  Baseado nisso entendo que uma versão mais firmada em diretrizes anticorrupção, mais enxuta em números de países por vez, mas mais agressiva em quantidade de recursos e influência da estratégia de política internacional implementada pelo governo Lula seja o ideal para o Brasil.

  Para fundamentar essa versão destaco que o fato de precisarmos recorrer a países com muito pouco tamanho econômico ou seja, países que estão enfrentando sérios problemas financeiros e que tenham um PIB minúsculo se comparado ao potencial de seu povo, território e recursos, para realizarmos investimentos e empréstimos no volume que temos condições de levantar e esses serem substanciais o suficiente para que esses países sedam a nossa influência, acarreta o problema de mesmo com nossa influência e recursos esses países ainda estejam sob a ação dos mesmos males que levaram eles a serem pequenos economicamente em primeiro lugar, dessa forma deveríamos centrar os recursos que iríamos colaborar com 3 ou 4 países no modelo que Lula fez em apenas 1 ou no máximo 2 países por vez e de preferência de proximidade geográfica, com esses recursos mais generosos nós não só estaríamos garantindo maior chance de sucesso na empreitada como estaríamos tendo uma influência tão grande que poderíamos até mesmo agir diretamente sobre problemas internos do nosso alvo de investimento, levando tudo na rédea muito curta. A prova de como é possível se beneficiar atuando de forma mais agressiva sobre um país desde que ele abra espaço para isso via aquisição de recursos monetários é a Venezuela, o Brasil tomou um grande prejuízo com o projeto de parceria com aquele país, mas nesse mesmo período Rússia, China e Irã tiraram proveito recolhendo juros, vendendo armamentos e insumos e adquirindo muito petróleo barato com aquele país. O mesmo país, no mesmo período, teve parcerias em que ele é tratado como igual e que ele acarretou prejuízo como a que teve com nosso país, e teve parcerias que atuaram de forma mais agressiva, quase imperialista para com ele e que ele gerou muito lucro e vantagens como as parcerias firmadas com a China, Rússia e Irã.

  O plano de formar um bloco de países sob a liderança brasileira seria de um prazo muito mais longo, mas estaríamos no caminho certo e não querendo tentar ser rápidos enquanto não saímos do lugar quando se não até andamos para traz em meio a prejuízos gigantescos. Tem o fato que nesse meio tempo em que de forma nenhuma estaríamos parados e sim com um projeto de longo prazo, possa surgir em fim a parceria com uma poderosa nação como sonha Bolsonaro.

  Outras sugestões são bem vindas nos comentários.

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